terça-feira, 26 de julho de 2011

De modo que não importa nem o que planta nem o que rega, mas sim Deus que dá o crescimento (1 Coríntios 3.7)

Antes de lhes contarem a minha história, quero fazer minha defesa. Eu aprecio muito as flores, as acho lindas e cheirosas, gosto de vê-las colorindo minha casa. Gosto do modo como elas abrem espaço em minha mente para contemplação. Quando as olho fico impressionada com os paradoxos da criação de Deus. É instigante perceber que na mesma flor, há pétalas finas e pequenas, mas também há nas mesmas pétalas, tons fortes e vibrantes. Tudo na medida certa! É bom olhar pra criação e ver o próprio retrato de Deus nas coisas que Ele fez. Um Deus que não é tão grande que não possamos alcançá-lo, nem tão pequeno que não possa nos ajudar.
Apesar de meu gosto por flores, há uns dias atrás fui escalada completamente contra a minha vontade para ajudar a plantar flores no jardim de casa. Eu sou do tipo de gente que gosta de fazer todo tipo de serviço doméstico, desde que esse não envolva mexer no barro. No entanto não tive opção de escolha.
Meu serviço era colocar alguma coisa parecida com adubo nas “covinhas” que minha mãe cavava no chão, para plantar as tais florzinhas. Depois eu devia misturar o adubo à terra porque, segundo minha mãe, “ele ia matar as plantinhas”. Depois de ter me apressado um monte para terminar a entediante tarefa, pensando que ficaria livre do trabalho. Minha mãe anunciou que agora eu deveria tirar as flores das badejas e espalhá-las em cada cova, também tinha que abrir os pacotinhos, para ficar mais fácil de retirá-las de dentro. Além disso, ela me disse que eu tinha que pegá-las bem devagar e usar de delicadeza ao fazer isso, porque senão a terra em que elas estavam fixadas iria “destorroar” e então elas não nasceriam.
Cumpridas todas as ordens deixei que ela fizesse a parte mais importante da plantação, ou seja, o plantar de fato. Parece que tal parte é importante. Não se deve apertar demais a terra, nem deixá-la frouxa demais. Devido à complexidade do ato, me detive às ações anteriores.
Então minha mãe as plantou, elas estão lá. Já devém fazer uns 20 dias. Hoje a primeira florzinha se abriu. As outras estão ainda crescendo. Eu queria que elas se manifestassem logo, mas parece que cada uma tem seu próprio tempo. Fico ansiosa por ver os resultados, enquanto umas nascem rapidamente, outras demoram, umas nem veremos crescer e talvez algumas nem cresçam.

Então hoje quando eu estava orando, postada estrategicamente debaixo do sol para ficar aquecida, olhei para fora e vi o canteiro em que plantamos as flores, e novamente veio ao meu coração de que enquanto a gente espera, Deus opera. É nosso o trabalho de plantar, mas é Ele quem faz crescer. Porém, creio que também devemos prestar atenção à maneira como plantamos. Da mesma maneira que adubo não misturado à terra, é nocivo as novas plantinhas. Nossa fé sem ação, é nociva às pessoas que buscam Jesus. Como tiramos as plantas da bandeja, às vezes precisamos ajudar pessoas a abandonarem o pecado. Depois devemos ajudá-las a encontrar uma terra fértil, uma vez levadas a terra, é preciso ajudá-las a abandonarem as amarras que as envolvem, para assim deixá-las livres para expandirem suas raízes. Devemos ainda ser delicados, usar de sabedoria para que não apertá-las demais a ponto de se esmigalharem. Por fim, as plantamos, as regamos algumas vezes, e então esperamos... Esperamos Deus fazê-las crescer.
Muitas coisas me tocam e falam ao meu coração! Mas parece que uma espécie de sussurro em especial, permanece reverberando por dentro de mim. É como um sopro de vento calmo, que repete e repete dentro do meu coração pra que eu não perca a esperança. De diversas formas, por várias vezes, até que eu aprenda ou apenas pra que eu não esqueça. Deus tem se encarregado de me lembrar de que minha mão não deve parar de semear, de que não cabe a mim julgar se a semente vai crescer ou não. Não cabe a mim fazê-la crescer.
Confesso que fiquei aborrecida durante todo tempo em que estive executando a tarefa de auxiliar de jardinagem. E ficava me perguntado se eu devia aprender algo com aquilo. Na ocasião não obtive resposta, até porque estava aborrecida demais para ouvi – lá. Mas hoje pude agradecer por Deus me ensinar uma boa lição sobre como cultivar os seus jardins. 

Jucilene Montagna

domingo, 3 de abril de 2011

Arte de Transformar...

2 Timóteo 2.20-21

Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso, outros, porém, para uso desonroso.
Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para toda boa obra.

As latas de lixo são meras latas de lixo aqui em casa, elas são depositárias de toda forma de bagulho. Esses bagulhos saem em grande maioria do nosso quarto (meu e da minha irmã), nunca vi alguém ter tanto papel pra jogar fora! E todos os dias acrescentamos mais munição na lixeira.
Já as colheres são de uso um pouco mais nobre.  Elas servem como bons mexedores de comida, raspadores de panelas sujas ou a função que considero mais especial, levar aquele doce maravilhoso chamado brigadeiro as nossas bocas, se bem que os dedos também podem fazer isso, mas a medida da colher... É grande, recalcada e sacudida! Perto da capacidade de armazenamento dos dedos hehehehe.
Já as latas de tinta ficam abandonadas lá naquele quarto de bagulho que meu pai construiu exatamente para essa função, guardar tudo que não se guarda em casa, uma porção de ferramentas, saco de cimento, bicicletas, madeira e latas de tinta vazias e inúteis. 
Inúteis? Será mesmo que são inúteis?
Bom até esse final de semana latões de lixo eram apenas latões de lixo. Colheres cumpriam apenas sua humilde função alimentar, e latas de tinta eram entulho no quartinho de meu pai.
 Mas algumas pessoas inspiradas não vêm essas coisas como eu as via. Como num estouro de criatividade, latões de lixo viraram tambores que soam em perfeita sincronia. Quando bem tocadas colheres podem ser excelentes instrumentos de batuque, e as latas de tinta podem ecoar um ótimo som estalado junto com o som grave do latão. E eu me vi de boca aberta, diante de um espetáculo em que a matéria prima não passava de um monte de coisas que eu não consideraria de modo algum honrosas.
Sabe? Eu pude notar que as coisas mais simples ou até mesmo desprezíveis como a pobre lata de lixo, que está fadada a guardar coisas que ninguém quer e que cheiram mal, podem ter um rumo bem diferente se colocadas nas mãos certas.
Alguma semelhança com você e eu? Eu penso que para Deus somos latas de lixo. Vocês devem estar pensando: Ah Juci porque você não nos compara com as colheres, ou então com as latas de tinta, elas são inúteis, mas pelo menos não são tão mal cheirosas. E eu digo: Lamento! Você e eu não passamos de imundas latas de lixo, cheias de todo tipo de coisa ruim, Ou você acha que a mentira deve cheirar como tutti-frutti para Deus? Será que a falta de amor cheira como hortelã? Sendo assim, será que cheiro tem o egoísmo? Cheiraria ele a essência de eucalipto?
Gente me desculpe, mas Deus detesta tanto nosso pecado quanto nós detestamos o cheiro de podre. E é por isso que Ele vem até você, vira o latão, tira todo lixo, e muda seu caminho o transformando em um vaso de honra. E onde antes habitava o desprezível, agora habita os Dons e talentos do Senhor.
Sabe? Realmente é pura graça que Ele ainda queira nos utilizar como reservatórios de seus bens preciosos. È muita graça colocar dentro de nós, ou dar o que Ele tem de mais precioso pra fazer de nós (suas lixeirinhas preferidas) um vaso de honra.
Agora compreendo o ministério Arte de Transformar como não havia compreendido antes, sei que a inspiração de mudar latões de lixo em tambores, colher em baquetas e latas de tinta em instrumentos de percussão, certamente partiram do mesmo Cara que teve a idéia de transformar vasos de barro em vasos de uso nobre.
Diante dessa maravilha toda, há uma ótima nova! Nós os seus filhos, todos nós! Faremos parte do espetáculo! Lá no céu junto com o autor e maestro, dessa orquestra de latão, colher e latas de tinta.   

Jucilene Montagna.        

quinta-feira, 10 de março de 2011

Vasos quebrados...

A PALAVRA do SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo: Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer" (Jeremias 18: 1- 4).

Nunca entrevistei um oleiro, ou qualquer outro profissional que trabalhe com coisas parecidas. Dessa forma, o que falo não pode ser dito com propriedade cientifica. Mas me parece um tanto justo achar que as coisas são da forma que colocarei. Não tenho a autoridade de uma pesquisadora, mas tenho algo um pouco diferente, a experiência de um vaso quebrado.
Eu sei!!! Se vocês não conhecessem sobre as coisas que Deus diz sobre vasos e oleiros talvez estivessem nesse exato momento desistindo da leitura, por achar que aquela que vos escreve não passa de mais uma maluca com um caso de esquizofrenia ou qualquer coisa assim.
Mas como dizia, não conheço nada do processo de fabricação de um vaso e o que sei, sei de forma rudimentar, apenas por conclusões retiradas de algumas leituras na bíblia em que o Senhor compara os vasos as pessoas e o oleiro ao autor da vida.
Bom o que sei é que de todas as coisas que se pode fazer com aquele barro mole, também são feitos vasos.  E esses vasos podem não dar certo. E às vezes eles precisam ser quebrados, se quiser o oleiro que ele ainda venha a ser algo útil.
E há uma parte desse processo que me instiga. Poderia ser a forma magnífica que o Oleiro conduz o trabalho e a destreza com que faz cada curva ou dobra. No entanto, quero que olhemos pra uma parte mais difícil do processo. O momento em que se faz necessário quebrar o vaso.
Não deve ser muito divertido para aquele que molda o vaso permitir que seja destruído. E com a propriedade de vaso que tenho, posso dizer não é agradável pro vaso ser quebrado. Mas pior do que ser quebrado é permanecer assim. Em pedaços. Um vaso quebrado não tem utilidade nenhuma e isso incomoda. Um vaso quebrado não pode fazer nada por si mesmo, como pessoas de 1,45 em piscinas de 1,65 sem saber nadar e isso incomoda. Um vaso quebrado tem toda sua fraqueza e mediocridade bem diante de si mesmo, e acreditem isso incomoda. Como incomoda eu dizer repetidas vezes que isso incomoda. 
 Nessas condições não ousamos mais ser nada, nem alguém. Resignamos-nos a condição de um monte de estilhaços de terra seca, esperando por redenção.  Pois compreendemos enfim que temos a mesma capacidade que um monte de barro. Somos “incrivelmente” capazes de esperar pelas mãos do oleiro
No entanto não tiremos apressadamente a beleza do momento. É como vasos quebrados que descobrimos do que somos feitos. É ainda dilacerado que entendemos que quando viermos a ser um vaso novamente, isso não será mérito nosso. É só como cacos que descobrimos a preciosidade de poder guardar os tesouros de Deus.
Quebrados e arrependidos. Não conheço tempo mais fértil pra uma boa ação em nosso caráter. Não conheço melhor tempo para acertar as arrestas e dobras que foram afetadas pelo pecado e orgulho. E confesso isso incomoda.
Mas em nome de Jesus que sejamos incomodados, sacudidos e quebrados. Se assim for necessário para que não nos apeguemos a idéia de que vasos servem para dar volume em prateleiras ao invés serem úteis ao seu Senhor. 

Jucilene Montagna

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sonhos e pesadelos...

Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido
(1 Coríntios 13:12).

Esta semana fiquei pensando nos sonhos que nós temos. Mas não nesses sonhos sobre coisas que ao de vir, mas os sonhos que temos enquanto dormimos. Muitos deles são bons e fazem com que a gente não queira acordar, geram até certa desilusão quando acabam. Às vezes eles são interrompidos por um despertador, e outras por sua mãe a porta do quarto lhe alertando sobre a hora avançada. Que no caso aqui de casa significa que você pode esperar mais 15 ou 20 minutos na cama, pois há tempo. Hehehe deixem que eu explico. A minha mamãe é uma abençoada, mas sofre por antecipação. Então desde que me dou por gente, ela nos acorda dizendo que já são 09h30min quando o relógio ainda trabalha para alcançar os seus ponteiros para marcar 09h00min.
Mas não são dos sonhos bons que quero falar. Não foi um deles que me fizeram pensar sobre isso.
Desde criança tirar notas boas na escola foi minha sina. Não olhem com essa cara! Eu tinha motivos pra isso! Eu era filha da professora me diziam que tinha que dar exemplo. Além disso, nos meus primeiros anos de escolarização eu não fui muito feliz em me relacionar e ter amizades, sendo que a única forma de acesso que encontrava era dando explicações da matéria, passando cola, ou fazendo os trabalhos sozinha, mas colocando o nome de todos.
Diante dessas coisas dá para ter um breve deslumbre de toda pressão que as notas exerciam sobre mim, ter notas boas não era apenas uma questão de resultados, mas no meu olhar ingênuo se tratava de sobrvivência na complicada “selva social”. Hoje eu ainda encontro alguns respingos dessa fase. Sou bem exigente com minhas notas e fico muito frustrada com notas fora dos meus planos. No entanto, em uma dessas últimas noites sonhei que tinha tirado 2,5 em uma prova de inglês. Pensem no desespero! Em toda minha vida escolar isso nunca tinha acontecido e aquilo não cabia em minha mente, como poderia ser possível? O mais engraçado é que o meu conforto durante todo aquele momento angustiante era de que aquilo se tratava de um sonho e que a qualquer momento iria acabar.
Quando acordei lembrei-me de que havia sonhado com alguma coisa, porém a única coisa que consegui lembrar era daquele sonho. E sentir o alívio por aquilo não ser verdade.
 Mas o motivo real pelo qual lhes conto essas coisas é que diante disso pude compreender melhor que a nossa vida é um sonho. Ela se trata apenas da sombra das coisas que estão por vir. E nisso há esperança para todos nós. Por mais que viver nos traga alegrias, no fundo sempre nos sentimos como um trenzinho de brinquedo dando voltas em seus trilhos propositalmente circulares pra que ele nunca pare de andar até ser desligado. Voltas e mais voltas são seguidas umas das outras em direção a lugar nenhum.
A vida sempre nós trás um gosto de quero mais. De que não se trata de apenas isso. De que tem que ter mais! E nos queremos mais! Não somos feitos para isso e não precisamos achar que somos! E muito menos agir como se fossemos apenas uma maquina sem motivo, sem um fim. Acho que o que nos faria trilhar por aqui com mais ânimo é lembrar de que a vida se trata de um sonho. Há coisas muito melhores lá fora esperando para serem vividas. E assim que esse Sonho terminar poderemos viver toda a verdade sem pesadelos e sem falhas.
É bom saber que somente o que há de bom em nós entrará nos novos céus e na nova terra. As coisas velhas ficarão pra trás. Certamente serão confiscadas por Cristo na entrada. E eu já tenho um palpite de onde ele as vai deixar... Aliás, não vejo lugar mais apropriado que ali. Você consegue ver aquela cruz lá em cima do monte? É sobre ela que serão lançadas todas as nossas iniqüidades. Você vê aquela mesa com muitos lugares lá dentro? É lá que desfrutaremos da presença de Deus e de toda a verdade.

Jucilene Montagna.